Evolucao Nas Pesquisas Com Celulas Tronco

Entenda a evolução das pesquisas com células-tronco

As pesquisas com células-tronco embrionárias humanas - células que podem se transformar em qualquer tipo de tecido - são muito recentes. O primeiro relato de estudos utilizando células-tronco de embriões humanos, segundo artigo do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Roberto Goldim, é de 1998, nos Estados Unidos.

Pesquisas com as chamadas células-tronco adultas, como as provenientes da medula óssea e as do cordão umbilical de recém-nascidos, já não são tão novas, mas, segundo a professora de Hematologia da Faculdade de Farmácia também da UFRGS e especialista no assunto, Patrícia Pranke, apenas em 1968 foi realizado o primeiro transplante de medula óssea com sucesso no mundo.

"Na realidade quando se fala em transplante de medula óssea, a gente está falando em transplante de células-tronco", explica Pranke.

Vinte anos depois foi realizado o primeiro transplante de células-tronco originárias de sangue de cordão umbilical, em Saint Louis, na França. A professora também diz que até então, essas células eram utilizadas no tratamento de doenças do sangue, como a leucemia. Foi só no fim da década de 1990 que se começou a pesquisar a aplicação dessas células em outros tipos de doenças. A época coincidiu com a descoberta das células-tronco embrionárias.

"Só em 1988 é que elas foram descobertas em camundongos e só em 1990 é que se soube que existiam em humanos", afirma Pranke.

O uso de células-tronco adultas em pesquisas não causa polêmica e elas são as mais utilizadas pela medicina. O problema é que esse tipo de células tem uma capacidade mais limitada de formar diferentes tecidos, não possuindo a flexibilidade das embrionárias. Por outro lado, os estudos com células-tronco provenientes de embriões humanos esbarram em questões éticas e religiosas. O embrião é ou não um ser humano? Será que tais pesquisas podem resultar na clonagem humana e na comercialização de células humanas?

Para alguns, a vida humana começa a partir da fecundação e, portanto, não se pode destruir os embriões em favor de pesquisas. Em contrapartida, outros acreditam que as células embrionárias escondem possibilidades para a cura de doenças como as do coração, alguns tipos de câncer , e ainda distrofia muscular, Alzheimer e Parkinson, entre outras.

A discussão é mundial e atualmente apenas alguns países permitem pesquisas com o uso de células-tronco embrionárias humanas. Segundo Pranke, entre eles destacam-se Inglaterra, Japão, Austrália, Canadá, Coréia do Sul e Israel. Nos Estados Unidos, os estudos foram permitidos durante o governo Clinton, mas o atual presidente George W. Bush, pressionado por grupos religiosos, cortou o financiamento para esse tipo de pesquisa, deixando para as instituições privadas o encargo com os investimentos.

A Coréia do Sul também já está avançando nesse campo. Em fevereiro de 2004, o país divulgou a clonagem de embriões humanos. Com 242 óvulos de 16 mulheres, os cientistas produziram 30 embriões que são cópias genéticas exatas das doadoras. Os embriões se desenvolveram até o estágio de blástula, quando podem ser extraídas células-tronco. A experiência acendeu o debate sobre a clonagem terapêutica, que é justamente a clonagem para uso no tratamento de doenças. Recentemente, a Suíça também aprovou, através de plebiscito, o uso de células embrionárias humanas em pesquisas científicas

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